Ogunjá
Nesta fase Ogun veste branco ou verde. Sua ferramenta pode ser na forma
de um chapéu, um guarda chuva contendo nas pontas como pingentes
ferramentas da pesca, caça e da agricultura. Ou ainda de acordo como o
jogo de Ifá indicar com os devidos materiais a serem incorporados.
Tem uma grande relação com OXAGUIÃ e YEMANJÁ. Antes de falar mais sobre
esse caminho de ogum preferi primeiro falar de Ogum de uma forma
geral: Ogum é o filho mais velho de Odudua e de Yemanjá, irmão de Odé e
de Exu. Ele foi o filho que reinou no lugar de seu pai quando este,
temporariamante, ficou impedido.
Ele é o
orixá dos ferreiros, também da tecnologia. Foi ele quem abriu caminho
para que os orixás chegassem ao Aiye ( Planeta Terra ) por isso ganhou o
título Osi Imole.
Segundo o pesquisador Fantumbi Verger a palavra deriva da seguinte frase Ogun Jé Aja. O escritor Reginaldo Prandi publicou a seguinte itan:
Ogum faz instrumentos agrícolas para Oxaguian
Oxaguian,
rei de Ejigbô, o Elejigbô, chamado "Orixá-Comedor-de-inhame-pilado",
inventou o pilão para saborear mais facilmente seus prediletos inhames.
Todo o povo do seu reino adotou a sua preferência. Todo o povo de Ejigbô
comia inhame pilado. E tanto seu comia inhame em Ejigbô que já não se
dava conta de plantá-lo. E assim, grande fome se abateu sobre o, povo de
Oxalá.
Oxaguian
foi consultar Exu, que o mandou fazer sacrifícios e procurar o ferreiro
Ogum, que naquele tempo viva nas terras de Ijexá. O que podia fazer Ogum
para que o povo de Ejigbô tivesse mais inhame? Consultou Oxaguian. Ogum
pediu sacrifícios e logo deu a solução. Em sua forja, Ogum fez
ferramentas de ferro.
Fez a enxada e o enxadão, a foice e a pá, fez o ancinho, o rastelo, o arado. "Leve
isso para o seu povo, Elejigbô, e o trabalho na plantação vai ser mais
fácil. Vão colher muitos inhames, mais do que agora quando plantam com
as mãos", disse Ogum. E assim foi feito e nunca se plantou tanto inhame e nunca se colheu tanto inhame. E a fome acabou.
O povo de
Ejigbô, agradecido cultuou Ogum e ofereceu a ele banquetes de inhames e
cachorros, caracóis, feijão-preto regado com azeite-de-dendê e cebolas.
Ogum disse a Oxaguian: "Na casa de seu Pai todos se vestem de branco, por isso também assim me visto para receber as oferendas". E o povo o louvava e Ogum ficou feliz. E o povo cantava: "A kaja lónì fun Ògúnja mojuba" - "Hoje fazemos sacrifício de cachorros a Ogum, Ogunjá, Ogum que come cachorro, nós te saudamos".
Oxaguian disse a Ogum: "Meu
povo nunca há de se esquecer de sua dádiva. Dê-me um laço de seu abadá
azul, Ogum, para eu usar com meu axó funfun, minha roupa branca. Vamos
sempre nos lembrar de Ogunjá". E, do reino de Ejigbô até as terras de Ijexá, todos cantaram e dançaram.
Quando o
culto chega ao Brasil sua predileção continua sendo o aja ( cachorro)
tanto que não se muda o nome, porém aqui seu culto recebe adaptações,
pois esse cachorro, ao qual se refere a iton, é um animal selvagem muito
perigoso tanto que ao cruzar com um sêr humano o seu ataque provoca
muitoas mortes, então se olharmos por este aspécto veriámos que ao se
oferecer tal animal em sacrifício para um guerreiro seria um ato muito
glorioso e honroso.
As adaptações
Aqui, em
solo brasileiro, assim como houve com outros elementos que, não puderam
ser importados como o feijão fradinho, farinha de akaçá, farinha de
mandioca etc, o cachorro vai ser substituido pelo animal doméstico e
também vai mudar o rito: quando o yawo recolhe ele o faz junto com um
filhote de cão e na hora do sacrifício o cachorro é trocado por um bode e
este yawo vai cuidar deste animal até que ele venha a falecer.
Por ser um
caminho de Ogun muito quente, é comum quando um yawo deste santo/orixá
está recolhido, acontecer grandes brigas entre as pessoas daquela casa, o
que os mais velhos chama de ¨casa quente¨, sendo assim o baba ou a iya
antes de recolher este yawo deve preparar a casa, colocando na cumieira
inhame cará, muito ebô, canjica e água tudo coberto com muito mariwo. Na
hora do Lagbe deste Ogun o yawo também deverá estar coberto com muito
mariwo.
Por estar
numa fase muito quente este ogun deve ser cuidado somente com água de
côco, azeite doce e muito ebô. É comum se ver, em casas tradicionais, o
ato de confirmar a aláfia com o inhame cará que, substitui os búzios ou o
obi.

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